LÓGICA NEBULOSA: UMA ABORDAGEM NA
CONTABILOMETRIA PARA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA PETROBRAS - MEF31215
- IR
ANDERSON
MARTINS DE MELO *
LUCIANO
GOMES DOS REIS **
1. INTRODUÇÃO
O mercado financeiro passa por
uma grande revolução com a disseminação da Contabilometria,
para lidar com as mais diversas problemáticas do universo econômico-financeiro,
principalmente as entidades que negociam seu capital no mercado de ações.
Segundo Carvalho (2001), o sistema financeiro desempenha sua principal função
no desenvolvimento econômico por meio da alocação dos recursos, facilitando a
troca de bens e serviços e a transferência da poupança entre supridores e
tomadores finais. Para Stroeher (2005), a não compreensão
da lógica contábil transforma, muitas vezes, os relatórios financeiros
preparados pelo contador em mero cumprimento das obrigações legais, em vez de
suprir o usuário com informações úteis para o processo de tomada de decisões.
Para Figueiredo e Moura (2001),
a utilização de modelos contábeis baseados em métodos quantitativos tem se
tornado cada vez mais frequente. Logo, percebe-se que, atualmente, o uso de
métodos quantitativos não é mais um diferencial, mas, sim, um requisito básico
para a sobrevivência em um ambiente extremamente complexo e competitivo. Com os
recursos computacionais cada vez mais sofisticados, o cientista contábil deve
otimizar estes recursos, tornando-os mais compreensivos para a tomada de
decisão pelo usuário da Contabilidade. Segundo Oliveira, Perez Júnior e Silva
(2002), o contador precisa desenhar e conduzir seu sistema de informação
contábil em consonância com as reais necessidades de informações do usuário.
Com isso, e neste ambiente altamente tecnológico, a Contabilidade deixou de ser
apenas uma obrigatoriedade e passou a ser vista como a principal fonte de
informação para o investidor.
No mercado de capitais, um
grande problema é a escolha pelos ativos financeiros para investimento. Isso se
deve ao fato de que não é apenas analisando os indicadores
econômico-financeiros que o investidor terá convicção de estar investindo no
melhor negócio, mas, sim, na qualidade destes indicadores. Neste contexto, a
Lógica Nebulosa (Lógica Fuzzy. ou LN)
pode ser uma alternativa para quantificar a análise das demonstrações contábeis
e outros aspectos empíricos e qualitativos. Segundo Caetano (2006, p. 12), “é a
lógica que permite a associação simultânea entre dados numéricos e conhecimento
linguístico”. Desta forma, este artigo pretende responder à seguinte questão de
pesquisa: a Lógica Nebulosa aplicada à Contabilometria
pode auxiliar na avaliação econômico-financeira da Petrobras com base em suas
demonstrações contábeis?
Destarte,
tendo em vista as novas dimensões dos mercados tradicional e virtual, com
decisões seguras a serem tomadas de forma rápida e em tempo hábil, a LN se
torna uma forte ferramenta para o usuário da Contabilometria,
ciência que representa a utilização de metodologia científica de métodos
quantitativos (matemática, estatística e informática) na Contabilidade. Vale
ressaltar que esse campo de estudo ainda é pouco difundido, tendo em vista a
gama de aplicações incrivelmente variadas que este ramo da Contabilidade pode
propiciar.
A LN, por sua vez, é uma
alternativa para trabalhar com dados objetivos e subjetivos alinhados à tomada
de decisão. Conforme descreve Palaro e Barros (2000),
muitos artigos tentam descrever a conexão ou a dualidade entre estatística e
regra Fuzzy, e mostram que ambas não são
excludentes, mas complementares.
Deste modo, justifica-se a
pesquisa tanto pela relevância científica e o aumento de conhecimento na área
quanto pelos benefícios sociais que os resultados da pesquisa podem
proporcionar ao usuário da Contabilidade e pela relevância técnica e viabilidade
da pesquisa, sendo uma pesquisa de fácil acesso aos dados e com possibilidades
concretas de realização desta análise.
Diante desta problemática, o
objetivo geral desta pesquisa é solucionar uma forma de avaliar a condição
econômico-financeira quanti — qualitativamente da
Petrobras — a maior empresa do Brasil das últimas décadas, segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2014 apud REVISTA
EXAME, 2014), e uma das maiores empresas do planeta — com base em estimativas
matemáticas, estatísticas e a lógica Fuzzy, e
que possa dar suporte à gestão contábil da empresa, além de servir como
instrumento de informação aos seus investidores. Como objetivos específicos,
têm-se: (i) calcular os índices econômico-financeiros das demonstrações
contábeis da Petrobras dos últimos dez exercícios financeiros; (ii) qualificar
as variáveis subjetivas para aplicação na LN; (iii) construir a arquitetura da
LN e estimá-la; e (iv) realizar as análises das demonstrações contábeis com
base na LN satisfeita.
As hipóteses desta pesquisa são:
• H1 -A situação
econômico-financeira da Petrobras é considerada “boa”, e é um investimento bom
no mercado de capitais;
• H2 - A situação
econômico-financeira da Petrobras é considerada “medíocre”, e é um investimento
mediano no mercado de capitais; e
• H3 - A situação
econômico-financeira da Petrobras é considerada “ruim”, e é um investimento
ruim no mercado de capitais, existindo fontes alternativas.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Petrobras é uma sociedade
anônima de capital aberto, cujo acionista majoritário é o Governo brasileiro, e
é atuante como uma empresa integrada de energia nos seguintes setores:
exploração e produção, refino, comercialização, transporte, petroquímica,
distribuição de derivados, gás natural, energia elétrica, gás-químico e
biocombustíveis. Além do Brasil, está presente em outros 17 países e é líder do
setor petrolífero do País, pretendendo estar entre as 5 maiores empresas
integradas de energia no mundo até 2030 (PETROBRAS, 2014). Uma empresa deste
porte merece atenção quanto a uma análise econômica-financeira
mais detalhada para seus usuários.
Considerando-se o porte e a
relevância da empresa no cenário nacional, fundamenta-se o uso de métodos quantitativos aplicados à
Contabilidade para auxiliar o gestor na tomada de decisões. Por meio da Contabilometria, algumas aplicações mais
técnico-científicas fazem valer ao profissional da Contabilidade o mérito de
cientista.
No campo das Ciências
Contábeis, muitas vezes, o Cientista Contábil não consegue tomar
decisões usando apenas a análise qualitativa, visto a complexidade dos fatos e
as repercutidas mudanças na legislação tributária e contábil, alinhadas ainda à
administração competitiva do negócio. Em muitos casos há a necessidade de profissional
ter um olhar mais minucioso e extremamente detalhista para emitir o seu parecer
sobre as Demonstrações Contábeis. Diante desta dificuldade, este campo de
conhecimento torna-se um local adequado à aplicação de uma metodologia
científica, a Contabilometria, com o intuito
de otimizar a opinião a ser tomada pelo Cientista Contábil (MELO, 2014,
pp. 3-4, grifo do autor).
Segundo Marion e Silva (1986),
existem algumas características que uma equação contabilométrica
deve possuir. Os autores enumeram algumas características, denominando-as
“propriedades”. São elas: relevância; simplicidade; capacidade explicativa;
capacidade preditiva; e plausibilidade teórica. Nossa e Garcia (2002) descrevem
alguns instrumentos matemáticos utilizados em Contabilometria:
probabilidade, cálculo matricial e programação linear. Corrar
e Theóphilo (2004) também apresentam as principais
técnicas quantitativas, bem como suas aplicações a serem utilizadas nas tomadas
de decisões administrativas e contábeis. São elas: amostragem, análise de
regressão e Programação Multiobjetiva ou Goal
Programming.
Alguns trabalhos já abordaram o
assunto sobre a aplicabilidade da LN em problemas financeiros e contábeis,
porém este tema ainda é considerado escasso no mundo dos negócios e merece mais
atenção pelos usuários da Contabilidade, além dos cientistas contábeis.
Existem problemas em Finanças e
Contabilidade que não podem ser resolvidos facilmente através de técnicas
tradicionais — por exemplo, previsão de falências e estratégias para negociação
em bolsas de valores. Nestes casos, uma das alternativas é o uso de métodos de
inteligência computacional (WUERGES; BORBA, 2010, p. 163).
A LN foi desenvolvida por Lofti A. Zadeh, originalmente um
engenheiro e cientista de sistemas, durante a década de 1960. O artigo
publicado pelo autor em 1965, na revista Information
and Control,
revolucionou o assunto da Lógica Boole ou Lógica
Padrão, originada da álgebra boolena, criada pelo
matemático e filósofo George Boole (CAMARGOS, 2002,
p. 2). Em 1972, Michio Sugeno
apresentou o conceito de medidas Fuzzy A
primeira aplicação, utilizando-se a LN, ocorreu em 1974, quando Ebraham Mamdani aplicou o
conceito da LN para controlar um motor a vapor (RIZOL; MESQUITA; SAOTOME, 2006,
p. 27).
A lógica de Aristóteles trata de
valores “verdade” das afirmações, classificando-as como verdadeiras ou falsas.
Não obstante, muitas das experiências humanas não podem ser classificadas
simplesmente como verdadeiras ou falsas, sim ou não, branco ou preto. [...] A
vida real está cheia de situações que requerem raciocínio aproximado para
manipular mais informações qualitativas do que quantitativas. Um sistema
nebuloso pode resolver problemas, tal como faria um ser humano [...] (MIRANDA;
VILELA JUNIOR; KRONBAUER, 2003, p. 3).
De acordo com Antunes (2006, p.
82), os conjuntos nebulosos e a LN possibilitam a geração de técnicas eficazes
para a solução de problemas de naturezas diversas, e existem autores, tais como
Chandra, Dubois, Korvin, Siegel, Sriram e outros, que relatam inúmeras aplicações nas áreas
de sistemas especialistas, computação com palavras, raciocínio aproximado,
linguagem natural, robótica e nas áreas de controle de processos e de tomada de
decisões. “A proposta da Lógica Nebulosa é assumir uma premissa que varia em
grau de pertinência, no intervalo de 0 a 1, o que leva o elemento do conjunto
nebuloso a ser parcialmente verdadeiro, ou parcialmente falso” (ANTUNES, 2006,
p. 82).
Silva (2013) utilizou o modelo Fuzzy como uma ferramenta de redução da
subjetividade de apuração de custos pelo Time Driven
Activity Based Costing (TDABC). Souza e Rojo (2010) aplicaram a lógica
Fuzzy na análise de investimentos por
simulação de cenários para previsões sobre o futuro de investimentos. Borba e Dill (2008) propuseram um modelo que utiliza a LN para a
análise de rentabilidade de empresas. Korvin, Shipley e Omer (2004 apud BORBA;
DILL, 2008) propuseram um modelo para auxiliar a identificação de riscos
potenciais no sistema de informações contábeis. Lin, Hwang e Becker (2003) propuseram uma rede neurofuzzy para identificar fraudes financeiras. Siegel, Korvin e Omer (1998) e Siegel, Korvin, Omer e Zebda (1995) utilizaram aplicações Fuzzy
na evidenciação contábil.
Deshmukh
e Talluru (1998) utilizaram a lógica Fuzzy aplicada às decisões do cliente. Kaneko (1996 apud BORBA; DILL, 2008) desenvolveu um sistema
simples para diagnose financeira baseada na teoria dos Conjuntos Nebulosos. Bojadziev e Bojadziev (1997)
usaram um modelo para mensurar a tolerância ao risco de investidores financeiros.
Rangone (1997 apud BORBA; DILL, 2008) propôs um
modelo analítico que une a efetividade organizacional, os fatores-chave de
sucesso e medidas de desempenho. Antunes (2004) propôs um modelo de avaliação
de risco de controle utilizando a LN, entre outros autores.
Outros estudos envolvendo
inteligência computacional para otimização de processos também abordaram a
problemática financeira e contábil, destacando-se trabalhos com Redes Neurais
Artificiais (artificial neural networks ou RNAs)
e Algoritmos Genéticos (AGs).
As RNAs
compõem uma técnica altamente flexível e de aplicações incrivelmente variadas
para as quais há um enorme número de benefícios potenciais a serem oferecidos
(GAZONI, 1999, p. 3). “As RNAs são algoritmos
vagamente baseados em conceitos derivados de pesquisas sobre a natureza do
cérebro, utilizados para tarefas cognitivas, tais como aprendizado e
otimização” (WUERGES; BORBA, 2010, p. 164), podendo ser de grande utilidade na
sistematização de processos para a Contabilidade.
AGs
são técnicas de busca paralela, que começam com um conjunto de soluções
possíveis e, por meio de operações especiais (avaliação, seleção, crossover e mutação), evoluem progressivamente em direção a
soluções mais promissoras (NANDA; PENDHARKAR, 2001 apud WUERGES; BORBA, 2010,
p. 164). Essencialmente, os AGs são um método de
busca e otimização que têm sua inspiração nos conceitos da teoria de Seleção
Natural das Espécies proposta por Darwin (LAZO, 2004, p. 46).
Simulações pelo método de Monte
Carlo também são muito utilizáveis na área dos negócios. Em sua pesquisa, Lazo (2004) utiliza a simulação por Monte Carlo com
aproximação por números Fuzzy e AGs para determinar o valor de opções reais, que permitem
considerar, além das incertezas, a flexibilidade gerencial, tendo por objetivo
maximizar o valor da oportunidade de investimento (LAZO, 2004, p. 6).
Esta pesquisa se diferenciará no
quesito de que a análise do investimento dar-se-á unicamente com base nos
indicadores econômico-financeiros da empresa estudada. Com o intuito de
identificar a condição qualitativa destes indicadores, e com base no histórico
da empresa, será verificada a situação econômico-financeira da Petrobras para a
tomada de decisão, que se identifica com as hipóteses da pesquisa.
2.1
A Lógica Fuzzy
Esta subseção versará sobre as
principais características da lógica Fuzzy aplicadas
a esta pesquisa e está subdividida em quatro subseções.
2.1.1 Introdução à lógica Fuzzy
Para muitos problemas, existem
duas formas distintas de abordagem à busca de soluções:
• conhecimento objetivo:
é usado todo o tempo em formulações de problemas, identificando variáveis e
parâmetros por meio do uso de modelos matemáticos (equações);
• conhecimento subjetivo:
representa informação linguística que é usualmente impossível quantificar
usando a matemática tradicional. Corresponde ao conhecimento de especialistas
com anos de experiência acumulada sob a forma de tratamento e resolução com
técnicas intuitivas (CAETANO, 2006).
Percebe-se que o conhecimento
subjetivo possui um tratamento matemático complexo, quando se tem um problema
de transcrição linguística para variáveis numéricas. Representar “investir
muito”, “vender menos”, “comprar um pouco mais”, etc., é a função da lógica Fuzzy.
2.1.2 Conjuntos nebulosos (Fuzzy sets)
Na teoria Clássica de Conjuntos,
um conjunto A é definido como uma coleção de objetos; este possui apenas duas
possibilidades quanto à sua relação com um conjunto A, um dado objeto é, ou
não, um elemento do conjunto. A representação algébrica, na lógica clássica, é
uma função bivalente, conforme segue (MAMDANI, 1974; MENDEL 1995; JANTZEN,
1999):
"FIGURA
NÃO INSERIDA POR ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE,
SOLICITAR FAX OU E-MAIL."
No entanto, na teoria dos
Conjuntos Fuzzy, esse objeto possui graus
variados de pertinência ao conjunto. Uma função indicadora multivalente
representa esse conceito de pertinência da seguinte forma (MAMDANI, 1974;
MENDEL 1995; JANTZEN, 1999):
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
As múltiplas aplicações da
teoria Fuzzy envolvem interações de diversas
decisões pertinentes a um determinado problema e de difícil quantificação; ou,
quando quantificadas, estão somadas a um alto grau de incerteza. Para tanto, se
deve fazer uso de operadores com conjuntos Fuzzy
Dados os conjuntos Fuzzy A e B sobre um
universo X, caracterizado por funções de pertinência ¼A e ¼B, as operações mais
usuais são (CAETANO, 2006, p. 15):
a) União: o conjunto Fuzzy C=AUB é caracterizado pela função de
pertinência:
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
b)
Intersecção: o conjunto Fuzzy é
caracterizado pela função de pertinência:
"FIGURA
NÃO INSERIDA POR ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE,
SOLICITAR FAX OU E-MAIL."
Os operadores min e max
satisfazem às seguintes propriedades (MAMDANI, 1974; MENDEL 1995; JANTZEN,
1999):
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Atribuições que formam as
variáveis linguísticas.
2.1.3 Variáveis linguísticas
e graus de pertinência
Em um conjunto Fuzzy, uma variável linguística sempre aparecerá
como adjetivos, por exemplo, “alto”, “baixo”, “pouco”, “muito”, “bom”,
“razoável”, “ruim”, dependendo do grau de pertinência. A função de pertinência
é a representação gráfica da magnitude de participação de cada entrada (input)
no processo. Essas entradas recebem “pesos” de informação por meio da função de
pertinência. Pelas regras lógicas, sintaxes como SE, ENTÃO, SE NÃO, E, OU, ou
combinações lógicas, chega-se a um resultado de saída (output) que
poderá ser numérico ou linguístico. Essas regras formam a base de conhecimento
que liga as diversas funções de pertinência da entrada para serem interpretadas
por uma caixa chamada “máquina de inferência” (CAETANO, 2006, p. 18).
As
funções de pertinência sempre recebem algumas formas básicas de representação,
sendo as mais comuns: Trapmf: trapezóide;
Gbelmf: sino; Trimf:
triangular; Gaussmf: gaussiana; Smf:
curva molde - S; Zmf: curva molde - Z; Psigmf: curva sigmoide. A função de pertinência traduz a
variável numérica em uma variável linguística que poderá ser analisada pela LN.
Os resultados da lógica em termos linguísticos são interpretados e traduzidos
novamente na variável numérica.
Uma função de pertinência é dita
triangular quando possui a seguinte forma (MENDEL, 1995):
"FIGURA
NÃO INSERIDA POR ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE,
SOLICITAR FAX OU E-MAIL."
Na
equação (5), no eixo x, estão os parâmetros que definem o triângulo ABC, e, no
eixo y, está representado o grau de pertinência para cada valor de x.
O conversor para variáveis
nebulosas é conhecido como nebulizador ou “Fuzzyficador”. Obtido o resultado linguístico,
faz-se a transcrição para a variável numérica por meio de um desnebulizador ou “defuzzificador”
(MENDEL, 1995).
A regra lógica deve ser
elaborada levando em conta a experiência do gestor em determinada análise ou,
ainda, utilizando-se de técnicas estatísticas bem usuais na Contabilometria,
como, por exemplo, a correlação, que mede o grau de associação entre duas
variáveis, e a regressão, que pode predizer o valor de uma variável (variável
dependente), dado que seja conhecido o valor de uma variável associada
(variável independente), cabendo ao cientista contábil traduzir estas regras em
termos das funções de pertinência e suas intersecções.
As regras de controle englobam o
conhecimento do sistema e os objetivos do controle. Cada regra tem um estado do
sistema em sua premissa e uma ação de controle sugerida em sua conclusão. As
regras de controle difusas conectam os valores de entrada com as propriedades
da saída do modelo. Estão expressas como proposições condicionais:
Se [Estado do processo]
Então [Ação de controle]
(MIRANDA; VILELA JUNIOR;
KRONBAUER, 2003, p. 15).
A LN pode ser sistematizada da
seguinte forma: Valores Numéricos (imput)
’‡Função de Pertinência ’‡Lógica Fuzzy. ’‡Resultado Fuzzy.
’‡Resultado Numérico (output). Conforme explica Antunes (2006), o
mecanismo primordial desse modelo consiste em “fuzzificar”,
ou seja, introduzir no universo nebuloso as variáveis discretas, representadas
por escalas numéricas, processá-las com base em regras estabelecidas com o
auxílio de informações de especialistas e, em seguida, “defuzzificar”,
o que significa resgatá-las no formato de saídas discretas, ou seja, em números
representativos para um processo de tomada de decisão.
As entradas discretas são as
variáveis linguísticas, atreladas a algum tipo de escala numérica. A “fuzzificação” promoverá a transformação destas entradas
discretas em entradas nebulosas. O modelo deverá realizar as inferências para
gerar as saídas ou o resultado Fuzzy Por fim,
deve ser feita a “defuzzificação”, conforme descrito
na subseção seguinte.
2.1.4 “Defuzzificação”
O “defuzzificador”
pondera as diversas respostas fornecidas pelas regras lógicas e atribui à saída
um número que dirá o que é mais pertinente fazer e com que grau. Essa
ponderação é também conhecida como máquina de inferência Fuzzy
e obedece aos seguintes passos para obter o resultado da inferência para um
conjunto de fatos: (i) com premissas (antecedentes); (ii) grau de
compatibilidade de cada regra; (iii) crença em cada regra; e (iv) agregação
(CAETANO, 2006, p. 21).
Os seis métodos mais importantes
de agregação são: (a) método do centro de gravidade, ou centroide, ou, ainda, o
método baseado no centro de área (COA); (b) método baseado na média dos máximos
das funções de pertinência (MOM), também conhecido como método Mamdani, elaborado por Mamdani
(1974) (MIRANDA; VILELA JUNIOR; KRONBAUER, 2003, pp. 26-27); (c) método baseado
na média dos centros (COM) (BORBA; DILL, 2008, p. 5); (d) método baseado no
menor dos máximos das funções de pertinência (SOM); (e) método baseado no maior
dos máximos das funções de pertinência (LOM) (FERREIRA; JAFELICE, 2012, p. 66);
e o (f) método de bissector de área (ROSSETO, 2008). Por um desses métodos,
encontra- se o valor numérico no eixo x mais pertinente, descobrindo o quanto
esse valor do “defuzzificador” significa em termos
das variáveis linguísticas. Nesta pesquisa, foi utilizado o Método da Média dos
Máximos (MOM), calculando-se:
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Em que zj
é a soma das saídas de controle no nível de quantização j, e l é o número de
valores quantizados, cuja função de pertinência é máxima (MIRANDA; VILELA
JUNIOR; KRONBAUER, 2003, pp. 26-27).
3.
METODOLOGIA CIENTÍFICA
Este estudo contempla uma
pesquisa de natureza descritiva, que tem como objetivo principal a exposição
das características de determinada população ou fenômeno e, também, o
estabelecimento de relação entre variáveis e experimental. Este tipo de
pesquisa exige a observação sistemática dos resultados para estabelecer
correlações entre os efeitos e suas causas (SILVA, 2006).
O levantamento do referencial
teórico englobou uma pesquisa bibliográfica, utilizando-se fundamentalmente das
contribuições científicas dos diversos autores sobre o assunto para o
desenvolvimento do procedimento adotado, e documental, que tem por finalidade
reunir, classificar e distribuir os documentos de todo gênero dos diferentes
domínios da atividade humana, conforme descreve Vergara (2003). Realizando-se
um levantamento de dados de caráter secundário, foram levantadas as informações
econômico-financeiras e sociais da Petrobras dos exercícios financeiros de 2004
a 2013.
A técnica da pesquisa documental
utilizada apresenta, de acordo com Gil (2002, p. 46), uma série de vantagens.
Primeiramente, é de se considerar que os documentos constituem uma fonte rica e
estável de dados. Outra vantagem está em seu custo, por ser uma pesquisa onde
se disponibilizam de dados extraídos do site da BM&FBOVESPA,
havendo apenas disponibilidade da análise e interpretação técnica-científica
dos dados. Outra vantagem, ainda, é o fato de não exigir contato direto com os
sujeitos da pesquisa.
As variáveis estudadas são
quantitativas contínuas e qualitativas; logo, se utilizou do método quanti-qualitativo. O método quantitativo pode ser
utilizado para numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas e é
caracterizado pelo emprego da quantificação nas modalidades de coletas de informações,
assim como em seu tratamento por meio de técnicas estatísticas (RICHARDSON,
1999).
A coleta dos dados foi feita de
forma não aleatória, utilizando-se da amostragem não probabilística ou de
conveniência, ou seja, foi realizado um procedimento de escolha segundo
critérios subjetivos, determinados a priori. O resultado é que os
elementos escolhidos da população deixam de ser aleatórios, por estarem
conforme os critérios definidos pela análise subjetiva.
Os cálculos e as análises foram
desenvolvidos com ajuda do Excel®, um software multifuncional da Microsoft
Corporation, que permite inúmeras aplicações
lógicas e estatísticas (LAPONI, 2005). A disposição dos dados dar-se-á
graficamente, pois, segundo Barros e Lehfeld (2007,
p. 110), auxilia a interpretação da análise e facilita o processo de interrelação deles e, também, com as hipóteses de estudo.
Destarte, a apresentação dos dados será feita com a utilização de tabelas com
variáveis numéricas e quadros, para melhor quantificar os resultados obtidos.
Para
esta análise, foram selecionados os seguintes indicadores: (i) Liquidez Geral
(LG), que mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo,
considerando tudo o que ela converterá em dinheiro em curto e longo prazos,
relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida, em curto e longo prazos
(MELO; TEIXEIRA, 2011, p. 4); (ii) endividamento, que é a medição do grau da
dívida, que é o capital de terceiros relacionado ao capital próprio da empresa
(MELO; TEIXEIRA, 2011, p. 4); e (iii) Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE),
pois seu propósito é mostrar qual a taxa de rendimentos do capital próprio, que
é um índice que determina, do ponto de vista dos proprietários, os resultados
obtidos por eles investidos na companhia (MELO; TEIXEIRA, 2011, p. 5).
4.
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PELA LÓGICA NEBULOSA
Neste
contexto, as demonstrações contábeis são um conjunto de relatórios estáticos
dirigidos aos stakeholders das organizações.
Na Tabela 1, apresentam-se os principais indicadores econômico-financeiros da
Petrobras dos últimos dez exercícios financeiros.
Tabela 1 - Indicadores
econômico-financeiros da Petrobras de 2004 a 2013
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Fonte: Elaborado pelo autor.
Observa-se
pela Tabela 1, que representa o tripé da Análise das Demonstrações Contábeis,
entre os indicadores que serão avaliados pela lógica Fuzzy,
que a LG manteve uma queda considerável durante todo o período, finalizando em
menos da metade do que no início do período. O endividamento apresentou uma
pequena queda, mas voltou aos mesmos patamares ao final do período. Já quanto
ao ROE, este foi o que apresentou a maior queda durante o período analisado,
chegando, em 2013, a menos de 23% do que o calculado em 2004. Com estes dois
indicadores apresentando quedas relevantes, já se supõe uma avaliação negativa
da empresa, que poderá ser verificada mais adiante.
4.1 Análise das demonstrações
contábeis da Petrobras
Nesta seção, será apresentado um
exemplo na tomada de decisão de um investimento na Petrobras, baseando-se nos
indicadores extraídos das demonstrações contábeis de 2004 a 2013 da Petrobras.
Deseja-se decidir em fazer ou não fazer um investimento em ações da Petrobras,
com base no histórico de dez anos de seus indicadores econômico-financeiros,
conforme Tabela 1.
Como
mencionado no método de pesquisa, foram selecionados três índices que se
julgaram serem relevantes para o presente estudo, tendo assim as variáveis para
analisar a viabilidade, ou não, do investimento: (i) LG; (ii) endividamento; e
(iii) ROE. Parte-se agora para a função de pertinência. Para tanto, foram
levantados e calculados os quartis das variáveis,
esta medida separatriz será base para qualificar as
variáveis linguísticas de entrada por meio de grupos ou níveis de satisfação,
podendo ser vista por meio da Tabela 2.
Tabela
2 - Quartis das variáveis de 2004 a 2013
Medida |
LG |
Endividamento |
ROE |
Classificação |
1º Quartil |
0,59906 |
0,81068 |
0,10368 |
Baixo |
2º Quartil |
0,65125 |
0,96550 |
0,19848 |
Razoável |
3º Quartil |
1,09679 |
1,08628 |
0,25826 |
Alto |
Fonte:
Elaborado pelo autor.
As entradas discretas são as
variáveis linguísticas, atreladas a algum tipo de escala numérica. Neste modelo
de LN, essa escala de valores aparece como uma escala psicométrica, pois
reflete uma mensuração subjetiva que utiliza conceitos mentais (SILVA, 2013).
Para as variáveis de entrada, as
funções representam um indicador que poderá ser “baixo”, “razoável” ou “alto”,
conforme Gráfico 1.
Gráfico
1 - Função de pertinência para as variáveis
"FIGURA NÃO INSERIDA POR ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA
NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU E-MAIL."
Fonte: Elaborado pelo autor.
As
funções de pertinência para as variáveis serão dadas pelas expressões (7), (8)
e (9).
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
O rótulo “baixo” possui grau de
pertinência igual a 1 (um) para quaisquer valores menores ou iguais ao 1º
Quartil de cada variável e, deste, exclusive, até o 2º Quartil, inclusive,
pertinência decrescente até 0 (zero). O rótulo “razoável” possui grau de
pertinência crescente de 0 (zero), a partir do 1º Quartil de cada variável,
exclusive, a 1 (um), até o 2º Quartil de cada variável, inclusive, e deste,
exclusive, até o 3º Quartil, inclusive, pertinência decrescente até 0 (zero). O
rótulo “alto” possui grau de pertinência crescente de 0 (zero), a partir do 2º
Quartil de cada variável, exclusive, a 1 (um), até o 3º Quartil de cada variável,
inclusive, e para quaisquer valores maiores ao 3º Quartil da cada variável,
exclusive, pertinência igual a 1 (um).
As funções de saída foram
criadas e representam um investimento que poderá ser, segundo as hipóteses de
pesquisa, “bom”, “medíocre” ou “ruim”, definindo assim as regras, conforme
Quadro 1. Ao todo, são 27 regras, visto que são 3 (três) variáveis de entrada e
3 (três) variáveis linguísticas possíveis de “fuzzificação”,
ou seja, 3³, que resulta em 27 regras possíveis.
Quadro
1 - Regras de fuzzificação
Regra |
Sintaxe |
1 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
2 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
3 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
4 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
5 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
6 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
7 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é alto) E (ROE
é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
8 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é alto) E (ROE
é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
9 |
SE (LG é alta) E (Endividamento é alto) E (ROE
é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
10 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
11 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
12 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
13 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é
razoável) E (ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
14 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é
razoável) E (ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
15 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é
razoável) E (ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
16 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é alto) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
17 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é alto) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
18 |
SE (LG é razoável) E (Endividamento é alto) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
19 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
20 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
21 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é baixo) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
22 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Bom”) |
23 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
24 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é razoável) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
25 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é alto) E
(ROE é alto) ENTÃO (investimento é “Medíocre”) |
26 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é alto) E
(ROE é razoável) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
27 |
SE (LG é baixo) E (Endividamento é alto) E
(ROE é baixo) ENTÃO (investimento é “Ruim”) |
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os
graus de pertinências estão na Tabela 3, seguidos das respostas da “fuzzificação” pelas regras aplicadas anteriormente
definidas no Quadro 1. A “defuzzificação” (output)
pelo MOM retormou as ponderações contidas na última
linha da Tabela 3.
Tabela 3 - Defuzzificação
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Fonte: Elaborado pelo
autor.
Na análise qualitativa da “defuzzificação”, observa-se que a empresa tende a ser um
investimento ruim, pois apresentou ser um bom investimento apenas nos três
primeiros anos da análise, sendo um investimento medíocre nos dois anos
seguintes, e resultando em um investimento ruim para os cinco últimos
exercícios financeiros. Na análise quanti-qualitativa,
o grau de pertinência destes resultados é confiável, pois apresentou, quase que
em sua totalidade, pertinência igual a 1 (um), apenas em dois exercícios a
pertinência foi abaixo de 1 (um), mas, ainda assim, é considerada alta. No
Gráfico 2, é mais bem ilustrada a tendência negativa da qualidade do
investimento.
Gráfico
2 - Tendência da qualidade do investimento
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Fonte: Elaborado pelo
autor.
Em seguida, apresenta-se a
análise horizontal de indicadores pelo Gráfico 3, para confrontar os resultados
da pesquisa e comprovar a tendência dos resultados da lógica Fuzzy.
Gráfico
3 - Análise horizontal de indicadores
"FIGURA NÃO INSERIDA POR
ILEGÍVEL NA CONVERSÃO. NA NECESSIDADE OU EVENTUALIDADE, SOLICITAR FAX OU
E-MAIL."
Fonte:
Elaborado pelo autor.
Verificando o Gráfico 3,
percebe-se a forte tendência de instabilidade dos indicadores LG e Endividamento,
sendo que eles tendem sempre a estar contrapostos, e, nos últimos três
exercícios financeiros, observa-se fortemente a queda da LG da empresa e o
aumento do Endividamento, notável ainda a propensão decrescente do ROE, estes
três últimos fatores contribuem ou justificam o resultado da lógica Fuzzy, com tendência de ser um investimento ruim
adquirir ações da Petrobras, pela análise dos últimos dez exercícios
financeiros.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Decisões rápidas e seguras são
as tendências do mercado financeiro atual. Apenas usando técnicas estatísticas
e puramente matemáticas não se garante a melhor escolha ou decisão. Nesta
problemática do mercado financeiro, a LN se mostrou bastante útil, alinhando o
empirismo humano à estatística aplicada às finanças e à Contabilidade. Técnicas
híbridas também têm demonstrado êxito em frente às problemáticas financeiras.
Neste
artigo, apresentou-se apenas uma alternativa das novas ferramentas
computacionais e de inteligência artificial. Atualmente, existe uma boa
disparidade de softwares, em que estas técnicas podem ser aplicadas,
inclusive no mercado financeiro.
Pelo presente estudo, pôde-se
responder à questão de pesquisa, isto é, a Lógica Nebulosa aplicada à Contabilometria pode auxiliar na avaliação econômico-financeira
da Petrobras, com base em suas demonstrações contábeis, pois, após a aplicação
do modelo científico, provou-se uma das hipóteses da pesquisa de que a
companhia está em uma situação de insolvência, culminando na queda de seus
indicadores econômico-financeiros escolhidos pela análise.
Diante da problemática deste
estudo, foi possível alcançar o objetivo geral desta pesquisa, elucidando,
assim, propor uma forma de avaliar a condição econômico -financeira quanti-qualitativamente da Petrobras com base em
estimativas matemáticas estatísticas e a lógica Fuzzy,
produzindo suporte à gestão contábil da empresa, servindo também como
instrumento de informação para os investidores.
Comprovada a hipótese desta
pesquisa, concluiu-se que uma tendência negativa econômico-financeira no
decorrer dos períodos estudados, corroborando, e tão somente pelo resultado
desta pesquisa, que a situação econômico-financeira da Petrobras é considerada
“ruim”, sendo um investimento ruim no mercado de capitais, existindo fontes
alternativas de investimento. Em controvérsia ao resultado desta análise,
muitos analistas indicariam que este seria o melhor momento para adquirir ações
de uma empresa, visto o preço consideravelmente baixo de suas ações no mercado
de capitais. Destarte, ainda e pelo fato de que o objeto de estudo desta
pesquisa é um monopólio, onde detém o mercado de sua atividade mercantil,
consegue, portanto, influenciar o reposicionamento e a estabilidade de sua
situação, logo, dificilmente, tenderá a manter esta crise econômico-financeira
por muito tempo. Todavia, deve-se ter cautela, pois, em termos macroeconômicos
e com a evolução tecnológica sempre surpreendendo, além das causas ambientais
da atividade da empresa analisada, suscita-se que nem sempre a tendência é o
que deve ser seguido.
Sugerem-se, ainda, novos
estudos, envolvendo a LN em meio ao universo financeiro e, principalmente, às
Ciências Contábeis, dando suporte à gestão empresarial.
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* É graduado em
Ciências Contábeis pela PUCPR e é mestrando Internacional em Auditoria e Gestão
Empresarial pela Unini, nos EUA. É especialista em
Contabilidade Financeira e Tributária, em Estatística com Ênfase em Pesquisa
Quantitativa e em Contabilidade e Controladoria Empresarial pela UEL.
** Orientador:
Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Londrina, é mestre
em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Maringá e doutor em
Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo (2008). Possui pós-doutorado
em Ciências Contábeis pela Furb e é professor
Associado do Departamento de Ciências Contábeis, atuando no curso de mestrado
em Administração de Empresas e no curso de graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Estadual de Londrina. É coordenador do curso de Especialização em
Contabilidade Financeira e Tributária e é docente de diversos cursos de
pós-graduação. Tem experiência na área contábil, com ênfase em Contabilidade
Societária, Gestão de Custos e Tópicos Contemporâneos de Contabilidade. É
consultor ad hoc de diversos congressos e
periódicos científicos e pesquisador atuante nas áreas de Contabilidade
Societária, Processos de Mudança em Contabilidade Gerencial, Indicadores
Contábeis, Relatórios de Sustentabilidade e áreas afins.
(Fonte:
RBC nº 226)
BOIR5802—WIN/INTER
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