SÍNTESE
INFORMEF - ITBI PAGO A MAIOR E O DIREITO À
RESTITUIÇÃO - MEF43533 - AD
1.
Introdução
O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)
é um tributo municipal que incide sobre a transmissão onerosa de propriedade
imobiliária. O problema jurídico recorrente está na adoção, por diversos
municípios, de “valores de referência” para a base de cálculo, em
detrimento do valor efetivo da transação constante da escritura.
Tal prática foi objeto de uniformização de jurisprudência
pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Tema 1.113,
consolidando a proteção ao contribuinte contra cobranças superiores ao devido.
2.
Base de Cálculo do ITBI: previsão legal
O Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 38,
dispõe:
“Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos
bens ou direitos transmitidos.”
A interpretação consagrada é de que o valor venal
corresponde ao preço de mercado em condições normais, não podendo o Município
criar “pauta de referência” unilateral sem processo administrativo regular.
3.
Conflito: Valor de referência x Valor da escritura
4.
Jurisprudência consolidada - STJ (Tema 1.113)
O STJ firmou as seguintes teses:
5.
Direito à restituição (repetição de indébito)
O contribuinte que pagou ITBI a maior pode pleitear a
devolução judicialmente, conforme o art. 165, I, do CTN:
“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente
de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a
modalidade do seu pagamento, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido
(...).”
Atualização do valor a restituir:
6.
Prazos e requisitos
7.
Caminhos práticos para restituição
8.
Conclusão
A cobrança do ITBI sobre “valor de referência” viola
a legalidade tributária e o devido processo legal. A jurisprudência consolidada
assegura ao contribuinte:
Assim, qualquer contribuinte que tenha recolhido ITBI sobre
valor arbitrado nos últimos 5 anos pode requerer a devolução
judicialmente.
Quadro-resumo
- Direitos do contribuinte
Aspecto |
Entendimento Consolidado |
Base de cálculo |
Valor da transação constante da
escritura |
Valor de referência |
Ilegal se aplicado de forma
automática |
Ônus da prova |
Cabe ao Município instaurar
processo administrativo |
Restituição |
Ação de repetição de indébito
(art. 165, CTN) |
Correção monetária |
Desde o pagamento (Súmula 162/STJ) |
Juros de mora |
SELIC, a partir do trânsito em
julgado (Súmula 188/STJ) |
Prazo para pedir |
5 anos após o pagamento |
Modelo de Petição Inicial
Ação de Repetição de Indébito Tributário (ITBI)
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da
Vara da Fazenda Pública da Comarca de [cidade/UF]
I -
PARTES
[Nome do Autor],
[nacionalidade], [estado civil], [profissão], portador do RG nº [xxx] e CPF nº [xxx], residente e
domiciliado à [endereço completo], por seu advogado infra-assinado (procuração
anexa), com escritório profissional na [endereço do advogado], onde recebe
intimações, vem, com fundamento no artigo 165, inciso I, do CTN e artigo 319 do
CPC/2015, propor a presente:
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO (ITBI)
em face de [Município de xxx],
pessoa jurídica de direito público interno, com sede na [endereço da
Prefeitura], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
II -
DOS FATOS
O Autor adquiriu, por meio de escritura pública, o imóvel
situado à [endereço do imóvel], pelo valor de R$ [xxx],
conforme escritura pública de compra e venda anexa.
No entanto, ao tentar efetuar o registro imobiliário, foi
compelido a recolher o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)
calculado não sobre o valor da transação constante da escritura (R$ [xxx]), mas sobre o chamado “valor venal de referência”
arbitrado unilateralmente pelo Município, no montante de R$ [xxx].
Dessa forma, o Autor recolheu ITBI no valor de R$ [xxx], quando o correto seria R$ [xxx],
configurando-se pagamento a maior.
III
- DO DIREITO
1. Base de cálculo do ITBI
Dispõe o art. 38 do Código Tributário Nacional:
“Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos
bens ou direitos transmitidos.”
O Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o Tema
1.113, fixou tese de repercussão nacional:
“O valor da transação declarado pelo contribuinte goza de
presunção de veracidade, cabendo ao Fisco o ônus de afastá-la, mediante
processo administrativo próprio, não sendo legítima a adoção de valor venal de
referência como base de cálculo do ITBI.”
Assim, é ilegal a exigência do ITBI sobre valores de
referência sem instauração de procedimento administrativo regular, em afronta
ao devido processo legal (CF, art. 5º, LIV e LV).
2. Direito à restituição
O art. 165, I, do CTN prevê:
“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente
de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a
modalidade do seu pagamento, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento
espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido.”
Além disso, conforme a Súmula 162/STJ, a correção
monetária incide desde o pagamento indevido, e, nos termos da Súmula 188/STJ,
os juros moratórios são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.
IV -
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
a) a citação do Município Réu, na pessoa de seu
representante legal, para contestar, sob pena de revelia;
b) o reconhecimento da ilegalidade da cobrança do
ITBI sobre base de cálculo diversa do valor da transação constante da
escritura;
c) a condenação do Município à restituição do valor
pago a maior, correspondente a R$ [xxx], devidamente:
d) a condenação do Município ao pagamento de honorários
advocatícios, nos termos do artigo 85 do CPC/2015;
e) a produção de todas as provas admitidas em direito,
especialmente documental e pericial, caso necessário.
V -
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ [valor do indébito pleiteado],
para efeitos fiscais.
VI -
REQUERIMENTOS FINAIS
Nestes termos,
Pede deferimento.
[local], [data].
[Nome do Advogado]
OAB/[UF] nº [xxx]
Observações
práticas para adaptação do modelo:
Modelo Simplificado - Juizado Especial da Fazenda
Pública
Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito do
Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de [cidade/UF]
I -
PARTES
[Nome do Autor],
[nacionalidade], [estado civil], [profissão], CPF nº [xxx],
RG nº [xxx], residente e domiciliado à [endereço
completo], vem propor a presente
AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO (ITBI)
em face do Município de [xxx],
pessoa jurídica de direito público interno, com sede na [endereço da
Prefeitura], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
II -
DOS FATOS
O Autor adquiriu o imóvel localizado em [endereço], pelo
valor de R$ [xxx], conforme escritura pública
anexa.
Entretanto, ao efetuar o recolhimento do ITBI, foi obrigado
a pagar o imposto sobre o chamado “valor venal de referência” fixado
pela Prefeitura (R$ [xxx]), superior ao valor real da
compra.
Assim, houve pagamento a maior de ITBI, no montante
de aproximadamente R$ [xxx], configurando cobrança
indevida.
III
- DO DIREITO
Nos termos do art. 38 do CTN, a base de cálculo do
ITBI é o valor venal do bem transmitido.
O STJ (Tema 1.113) consolidou o entendimento de que não
é legítima a adoção automática de valor de referência, devendo prevalecer o
valor da escritura, salvo se o Município comprovar fraude em procedimento
administrativo próprio.
Ademais, o art. 165, I, do CTN garante a restituição
do tributo pago a maior, com correção monetária desde o pagamento (Súmula
162/STJ) e juros SELIC a partir do trânsito em julgado (Súmula 188/STJ).
IV -
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
a) O reconhecimento da ilegalidade da cobrança do ITBI
sobre valor de referência;
b) A condenação do Município à restituição do valor
pago a maior, corrigido monetariamente desde o pagamento e acrescido de juros
SELIC a partir do trânsito em julgado;
c) A intimação do Município para contestar, sob pena
de revelia;
d) A produção de prova documental já acostada.
V -
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ [xxx],
correspondente ao montante pago indevidamente.
Nestes termos,
Pede deferimento.
[local], [data]
[Nome do Autor ou Advogado]
[OAB/UF nº xxx - se for advogado; se o valor da causa
não ultrapassar 20 salários mínimos, o autor pode ajuizar sem advogado, art. 9º
da Lei 9.099/95 c/c Lei 12.153/2009]
Diferenciais desta
versão para o JEFaz:
INFORMEF LTDA.
Consultoria, Tributária, Trabalhista e Empresarial.
Gerando valor com informação e conformidade.
MEF43533
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